Consigo sentir a vida
nos locais iluminados
daquela casa onde nunca vivemos
e imagino a promessa cumprida
da cerca branca por pintar
durante meses, talvez anos
e ouço risos (os nossos
e os das crianças entretidas)
e a brisa que
ondulando a relva da manhã
nos chamasse sob o azul.
Cobrindo trilhos
sorriria de mãos cheias
perante a tua surpresa de não
identificares um rouxinol.
Consigo sentir a vida
que nos chama daquela casa,
sentados num banco velho,
nos seus jardins, na sua cerca,
naquela casa sei lá de onde,
talvez de aqui, dentro de um sonho,
dentro de mim, perto de ti.