O que nos dizem estas águas passadas
    agora bebidas em goles de café
    e de travo a tabaco?
    Falam-me de um recinto
    e da minha boca num dos teus mamilos
    ao de leve brincando nos tons
    de rosa como reflexos de um sol escondido.
Que te dizem a ti as águas?
    A mim lavam-me o descanso e a paz,
    apesar da calma ondulação que me embala
    naquilo que tu foste e me regressa agora
    em impulsos leves de desassossego e
    prenúncios cinzentos de um possível azul.
O que te dizem estas águas
    que me banham no passado e que em
    mergulhos repetidos
    te convidam no meu barco à deriva?
O que te dizem os reflexos?
    Consegues vê-los em mim? Verdes, tristes
    e mornos pelo sol que se vai pondo
    nos cigarros que nos despedem?
De que te falam as águas passadas
    que me levam o descanso e a paz
    mas que me embalam como um barco,
    à deriva, lentamente,
    calmamente e
    em direcção a ti?