Finos raios falam-me por entre
as brumas.
Ouço o teu chamamento e
vou,
sigo-o,
mesmo sabendo que és perigosa
e que provavelmente acabarei
comido e cuspido,
magoado, sugado, trincado,
fodido, abandonado.
Esse canto por entre as brumas
diz-me o teu cabelo negro
e os teus olhos,
as tuas ancas e um cu,
um cu magnífico
que aguentaria certamente
o fervor de um homem
tornado touro,
um poiso
quente para um corpo
fatigado e transpirado
pronto para a o regresso
às brumas e ao vazio temporário
de um novo encantamento.
Ouço o teu chamamento
e vou, feito estúpido,
como aquele que verifica o
vazio do depósito com um isqueiro,
como o morto-vivo em direcção
ao espeto de madeira, hipnotizado,
inevitável,
estúpido.