Mais tarde, em 1978, Bell & Weinberg, adoptaram esta mesma escala de 0-6, mas os indivíduos seriam avaliados segundo o comportamento sexual e segundo as fantasias eróticas.
Foi outro autor, Klein (1978, 1980) , quem expandiu a compreensão da orientação sexual, considerando-a dinâmica e multi- variada. Inclui 7 dimensões na composição da orientação sexual. Além disto, para a melhor compreensão da orientação sexual ao longo da vida, ela pode ser descrita em 3 momentos: no presente (os últimos 12 meses), no passado (há mais de 12 meses) e o ideal (que corresponde à intenção real e predição do comportamento futuro do indivíduo).
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1- Atracção sexual: quem acho atraente como parceiro real ou potencial?
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2- Comportamento Sexual: quem são os meus parceiros sexuais
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3- Fantasias sexuais: sonhos e pensamentos; com quem sonho acordado?
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4- Preferência emocional: com quem prefiro estabelecer laços emocionais íntimos
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5- Preferência social: com quem prefiro estar nos tempos livres
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7- Auto-identificação: como me identifico em termos de orientação sexual.
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Para Fritz Klein, a complexidade da orientação sexual poderá ser descrita tendo em conta cada uma destas dimensões e a variável "tempo". Para preenchimento da grelha pode-se utilizar a escala de Kinsey citada.
Esta perspectiva mais ampla torna os tradicionais pólos homo/ bissexual obsoletos pois não explicam nem descrevem a complexidade da orientação sexual. Nesta perspectiva, quando é que poderemos considerar alguém heterossexual? Será alguém que sente atracção e desejo sexual por indivíduos de sexo diferente e experimenta sentimentos positivos e de afecto por eles; o indivíduo terá consciência disto e pode-se reconhecer como heterossexual (a sua identidade) e ter relações sexuais de acordo com ela.
Algumas pessoas podem reconhecer algum nível de "bissexualidade" na descrição da sua orientação sexual. Mas mesmo que um indivíduo tenha comportamentos heterossexuais (ou homossexuais) não quer dizer obrigatoriamente que se auto- identifique como heterossexual (ou homossexual). Podem haver comportamentos homossexuais sem que as pessoas se sintam homossexuais tal como pode haver comportamentos heterossexuais sem que a pessoas se sintam heterossexuais.
Alguns autores (Sell, 1997) criticam a escala de Fritz Klein porque a importância relativa de cada dimensão da orientação sexual não foi devidamente investigada ou fundamentada teoricamente. Todavia, Wayson (1983), considera a grelha de Klein um instrumento válido e fiável na avaliação da orientação sexual.
Ainda de referir a concepção de Shively e DeCecco (1977), segundo a qual a identidade sexual tem 4 componentes:
- Sexo Biológico: o sexo definido pelos cromossomas/ genética
- Identidade de Género: é a convicção de cada indivíduo de ser homem ou mulher, é o género com que cada pessoa se identifica
- Papel Sexual Social : pode-se definir pelo conjunto de comportamentos associados com masculinidade e feminilidade, num grupo ou sistema social. As sociedades possuem um sistema sexo e de género, ainda que os componentes e funcionamento deste sistema varie bastante de sociedade para sociedade. Por exemplo, aquilo que era considerado "feminino" há poucos anos atrás (como usar brincos, perfumes ou cremes de beleza), é considerado "masculino" actualmente ou considerado um comportamento aceitável para os homens ( o que seria intolerado há poucos anos).
- Orientação Sexual: Preferências emocionais e/ou sexuais em relação a um ou ao outro sexo.
Provavelmente teremos no futuro uma concepção ainda mais vasta e complexa que permita melhorar a compreensão da orientação sexual. As categorias convencionais de orientação sexual (homossexual, bissexual, heterossexual) são muito simplistas para compreendermos a diversidade sexual. Estes conceitos não são estáticos e certamente terão outros significados de acordo com as constantes evoluções das sociedades e das culturas, que interagem na construção das identidades individuais. Outra hipótese é que estas "categorias" de orientações sexuais poderão não fazer sentido e desaparecer, no futuro. O conceito de homossexualidade só apareceu no XIX, construído pela medicina e deu-lhe um significado preciso, médico. Mas da mesma forma que estes significados das orientações sexuais foram construídos culturalmente, elas poderão ser "desconstruídos" ao longo do tempo. Será que, tendo em conta as infinitas características da identidade de alguém (género, sexo, idade, profissão, origem social, etc) fará algum sentido descrever alguém pela sua orientação sexual? Qual o significado que atribuímos às pessoas devido à sua orientação sexual?
Bibliografia Consultada:
Coleman, E. (1990). Toward a synthetic understanding of sexual orientation. In McWhirter, D. P.,Sanders, S. A., and Reinisch, J. M. (eds.), Homosexuality/ Heterosexuality. Concepts of Sexual Orientation, Oxford University Press, New York.
Sell, R. L. (1997). Defining and measuring sexual orientation: A review. Archives of Sexual Behavior, 26, 643-658.
Shively, M. G., and DeCecco, J. P. (1977). Components of sexual identity. J. Homosexuality 3: 41-48.