NOTAS SOBRE A SERRA DO PILAR
 
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Em uma propriedade pertencente, então, ao súbdito inglês W. Tait, sita na serra do Pilar, apareceram, no princípio do século actual, umas moedas gregas, das quais, uma delas tinha a efígie do famoso Alexandre Magno (114).
Das restantes foi verificado que eram moedas helénicas (115).
Em face deste achado comprova-se que, em tempos remotos, viveram, no alto da serra do Pilar, povos gregos.

Durante o predomínio romano vemos que, no âmbito da serra do Pilar, ao sul, existiu em um pequeno outeiro um Crasto - ou castro - do qual, presentemente, ainda é reconhecido o seu lugar.
No sopé deste Crasto estabeleceram-se, mais tarde, as povoações do Casal, de Barrocos e Forneiro, todas servidas pela antiquíssima via pública, presentemente designada - desde 14 de Outubro de 1882 - por Rua de 14 de Outubro.

Verificamos, também, que no vetustíssimo lugar de Quebrantões, há referências, em documentos do século X. que comprovam que esta povoação foi habitada por povos de antigas épocas.
A autenticar a remota antiguidade de Crasto, e de outras povoações situadas nos seus arredores, há os seguintes depoimentos:
«...ha Ellrrey no Crasto, freeguesya de Maffamude, doous casaaes.»
(Durante a guerra fratricida entre os irmãos D. Pedro e D. Miguel - 1832/33 -, as tropas do rei D. Miguel estabeleceram, neste Crasto, uma bateria de artilharia ).
«... ha Ellrrey hum maravedy do montadigo de Quebrantoões, que paga sancha anes.»
«Item em no outro do Casal, mora Afomsso Sanchez e dá a Ellrrey duas quayras de trigo de fôro.»
«Item ha Ellrrey em na aldeya de Mafamude, do casal em que mora Estevam Martins, VII soldos.»
«Item ha Ellrrey em Paaços de Rey VI casaaes. E os doous som poboados e os quatro som hermos.»
«Item a Ellrrey em na aldeya de Coymbraãos, dez casaaes, dos quaaes som poboados seis e os quatro som hermos.» (116)

Verifica-se, nestas Inquirições régias, que nas imediações da Vila de Portugal) citada na doação do rei D. Ordonho II, existia um Crasto e mais as povoações
de Mafamude, Coimbrões e outras de remota antiguidade.

A antiga CALE, da qual promanou a Vila de Portugal, estava, pois, rodeada por terras também antiquíssimas, as quais, presentemente, fazem parte da actual Vila Nova de Gaia.

E como contra factos não há argumentos, são, pois, completamente infundadas todas as suposições de que apre romana povoação CALE era situada na margem direita do rio Douro, na actual Ribeira, ou nos areais de Miragaia, quando, naqueles tempos, era uso obrigatório dos povos estabelecerem-se em lugares altos e bem defensáveis.
Ora, a antiga CALE estava situada em local elevado e com as melhores condições de defesa a invasões.
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(114) Viveu 300 anos antes de Cristo. Conquistou a Grécia e fundou a cidade de Alexandria.

(115) História de Portugal. V. 1.°, pág. 204. Direcção do Dr. Damião Peres.

(116) Corpus Codicum Editado pela Câmara do Porto. V. I, pág. 186.

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